Rapidez, habilidade e parceria: mecânicos são peças-chave no rugby

Depois de uma disputa mais intensa, o atleta faz o alerta: equipamento! A arbitragem autoriza a entrada do mecânico e inicia a contagem regressiva de 60 segundos no cronômetro. Neste curto período de tempo, o profissional trabalha com agilidade para consertar o dano e deixar o jogador apto a seguir na partida. Esse serviço, que muitas vezes passa despercebido pelo público, é crucial em um esporte de tanto contato como o rugby em cadeira de rodas, podendo interferir diretamente nas opções dos treinadores em quadra.
A importância do mecânico se dá principalmente porque é vetado que um atleta permaneça em jogo com o equipamento danificado. Caso o atendimento não seja concluído no minuto cedido pela arbitragem, o jogador é obrigado a ser substituído. Desta forma, o profissional trabalha de forma integrada com o restante da comissão técnica, que valoriza seu trabalho.

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Thomas Pfleghar é diretor técnico da empresa que presta assistência no conserto de cadeiras, órteses e próteses dos atletas no evento-teste do rugby (Foto: Buda Mendes / Gettty Images / Ottobock)

No Brasil, a função é desempenhada por Gustavo Almeida. Fora da quadra, antes dos treinos e partidas, ele cuida da manutenção preventiva, fazendo a conferência das soldas, parafusos e rodas minuciosamente. Uma vez iniciado o jogo, mostra ainda habilidade para realizar trocas pneus e câmaras de ar com muita velocidade.

– Ele é o cara que vai trocar pneu em menos tempo possível, entrar em quadra e já estar pronto para a gente não perder atleta por causa de material. Aqui o mecânico é tão importante quanto o técnico. O técnico é responsável pela tática, pelas substituições, manter o motivacional, e o mecânico é aquele que vai deixar os atletas prontos. Ele é mais importante do que o roupeiro do futebol. É vital. Se a cadeira não está pronta, o atleta não pode jogar – disse Rafael Botelho Gouveia, técnico do Brasil.

Atual líder do ranking mundial, o Canadá conta com Bob Hirschfield há sete anos na seleção. Pai de Trevor, um dos principais atletas da equipe, o mecânico é visto com carinho por todo o grupo. Nos intervalos, além de reparos, cuida da limpeza das cadeiras. Sente-se mais próximo dos jogadores do que da comissão técnica em si, dividindo com eles tanto as frustrações pelas derrotas quanto a alegria pelas conquistas. – Sinto-me bem ao ver que é algo que posso resolver. Os jogadores gostam de mim porque posso deixá-los aptos a terminarem o jogo. Sinto-me mais perto dos jogadores, são todos legais comigo porque sabem que trato bem das cadeiras deles. Durante os intervalos eu as limpo, faço os ajustes. Eles não precisam se preocupar com elas, só o que precisam fazer é se preocupar em jogar. Quando ganham as medalhas, também me sinto orgulhoso. Eles são muito agradecidos e sempre dizem “Obrigado, Bob”, – disse o canadense.

Além dos profissionais que integram a comissão técnica de cada equipe, competições de grande porte contam com uma empresa para dar assistência extra às seleções. No evento-teste da modalidade para as Paralimpíadas do Rio de Janeiro, disputado na Arena Carioca 1, a companhia responsável pelo serviço é a mesma que atuou nos Jogos de Londres 2012, de Sochi 2014 e nos Jogos Parapan-Americanos de 2015.
Thomas Pfleghar, protesista e diretor técnico do serviço nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, tem a experiência de ter trabalhado nestes três eventos e em muitos outros ao longo da carreira. O setor comandado por ele recebe principalmente demandas após as partidas, mas não raro o atendimento é feito às pressas para que um atleta possa voltar à ação. Se à correria eles já estão acostumados, a estrutura à disposição na arena está entre os itens a serem verificados pelo Comitê Organizador neste fim de semana.

– Para nós também é uma forma de testar. Vemos o que realmente precisamos, se o material é suficiente, adequado, se a rede elétrica está conforme precisamos para a solda, se o espaço é do tamanho correto, o que falta… Como o ambiente está e se estamos dentro das normas que precisamos para trabalha… Até agora estamos felizes. A única coisa que falta é internet – disse Thomas.

Fonte: Gabriela Pantaleão, estagiária, sob supervisão de Helena Rebello – Globo.com