Em solenidade no plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Mizael Conrado, foi agraciado na noite dessa quarta-feira (25/09) com a maior honraria concedida pela Casa, a Medalha Tiradentes. Iniciativa do presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), e do deputado Paulo Bagueira (SD), a condecoração é um reconhecimento pela histórica campanha do Brasil nos Jogos Parapan-Americanos de Lima, este ano. O país terminou a competição na liderança do quadro geral de medalhas, desbancando países como, por exemplo, Estado Unidos e Canadá. Durante a cerimônia, parte da delegação do estado do Rio de Janeiro que participou dos jogos também foi homenageada com 47 moções de congratulações e aplausos.

O Brasil quebrou o recorde da sexta edição dos jogos e garantiu a liderança pela quarta vez do Parapan (já havia vencido nas edições Rio 2007, Guadalajara 2011 e Toronto 2015). Ao longo dos nove dias de disputa, os atletas de 17 modalidades chegaram à inédita marca de 308 medalhas conquistadas: 124 de ouro, 99 de prata e 85 de bronze. A missão brasileira em Lima foi composta por 512 integrantes, sendo 337 competidores, entre os quais atletas-guias, calheiros, goleiros e pilotos, que não possuem deficiência, de 23 estados e do Distrito Federal.

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Um dos destaques dessa edição foi o tetramedalhista de ouro no vôlei sentado, Diogo Rebouças, que compete pela modalidade há 13 anos. Atleta amador desde a juventude, conheceu a categoria em 2003, quando sofreu um acidente de motocicleta e amputou a perna. Três anos depois, não imaginava que seu sonho de poder voltar a praticar o esporte o levaria a um mundial, em 2006, e pouco tempo depois rendesse sua primeira medalha nos Jogos Paralímpicos. Embora se sinta orgulhoso de suas vitórias e reconheça os avanços na política de inclusão de pessoas com deficiência, Diogo pondera que é preciso um maior investimento voltados para-atletas.

“Nunca vivi do esporte. Infelizmente temos que trabalhar e arrumar um tempo para treinar, porque ainda não somos considerados profissionais. Luto para que as gerações seguinte consigam viver do sonho de ser atleta independentemente das limitações físicas. Sinto uma enorme paixão por representar o Brasil e tento mostrar para minha família e amigos que este é um momento único”, disse Diogo.

Diante do quadro inédito de vitórias de um país numa única edição do Parapan, o presidente do CPB comentou com orgulho o fato de receber a Medalha Tiradentes, e já planeja as próximas competições da delegação brasileira. “Esta medalha é um reconhecimento do trabalho dos nossos atletas, das comissões técnicas e da gestão do Comitê Paralímpico Brasileiro. Já estamos nos preparando para os Jogos Paralímpicos de 2020, em Tóquio”, contou Mizael Conrado.

Segundo o deputado Bagueira, coautor do projeto de resolução 246/19 que concedeu a honraria ao líder do CPB e aos atletas fluminenses, a homenagem é uma maneira de continuar incentivando a inclusão de pessoas com deficiência no esporte. “Ao prestar este reconhecimento, a Casa chama a atenção do estado e do país para uma maior visibilidade ao esporte paralímpico”.

Além do presidente e do vice-presidente do CPB, Ivaldo Brandão, compuseram a mesa de honra a ex-deputada estadual e secretária de Acessibilidade de Niterói, Tânia Rodrigues; o superintendente de Políticas para Pessoas com Deficiência do RJ, Fábio Fernandes; o presidente da Confederação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas, Luiz Cláudio Pereira; e o presidente da Associação Nacional de Desporto para Deficientes (ANDE), Arthur Cruz.

Presidente do CPB – Embora esteja à frente da presidência do CPB há dois anos, Mizael Conrado possui uma longa experiência no assunto. Durante as gestões de Andrew Parsons, entre 2009 e 2017, exerceu a função de vice-presidente e secretário-geral da entidade. Atuou também como diretor administrativo e presidente do Centro de Emancipação Social e Esportiva de Cegos (CESEC), secretário-executivo da Confederação Brasileira de Desportos para Cegos (CBDC), membro do Comitê Executivo da União Mundial de Cegos, da União Latino- Americana dos Cegos, vice-presidente da Federação Brasileira de Entidades para Cegos e secretário-geral da União Brasileira de Cegos.

Mizael foi o primeiro medalhista paralímpico a assumir o cargo de presidente do CPB, tendo sido ainda peça fundamental na aprovação da Lei de Inclusão da Pessoa com Deficiência, que elimina barreiras de acessibilidade no transporte, na moradia, nos serviços, na educação, no esporte, no exercício da cidadania e beneficia cerca de 50 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência e mobilidade reduzida. Nascido em Santo André (SP), Mizael Conrado de Oliveira nasceu cego devido a uma catarata congênita. Após quatro cirurgias, ainda bebê, começou a enxergar. Aos nove anos, teve um descolamento de retina, que iniciou a perda de sua visão. Aos 13 anos, estava completamente cego.

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Fonte: ALERJ, Luan Damasceno