A cada tackle parece que vai sair fa\u00edsca nas trombadas das cadeiras de rodas. O p\u00fablico se levanta nessa hora e tamb\u00e9m quando os atletas marcam o try, o famoso gol do rugby. O campo de jogo \u00e9 menor que no esporte tradicional, mas a emo\u00e7\u00e3o do r\u00fagbi de cadeira de rodas \u00e9 parecida. S\u00f3 que nesta modalidade dos Jogos Paral\u00edmpicos existe uma figura central: o mec\u00e2nico.<\/p>\n

\u00c0 beira do campo, este profissional observa a partida quase sem piscar. Presta aten\u00e7\u00e3o nos jogadores de sua equipe e est\u00e1 pronto para entrar em a\u00e7\u00e3o caso algum peda\u00e7o da cadeira de rodas fique danificado. Ao seu lado est\u00e3o diversas pe\u00e7as para serem trocadas quando h\u00e1 necessidade, como prote\u00e7\u00f5es, rodas, parafusos e por a\u00ed vai.<\/p>\n

Por sorte dos profissionais que lidam com isso, as cadeiras de rodas mais parecem tanques de guerra. Elas t\u00eam uma armadura externa, frente refor\u00e7ada, rodas com ar dentro e s\u00f3 quebram porque o impacto durante as partidas \u00e9 muito grande. O barulho das trombadas d\u00e1 para ouvir das arquibancadas. Quem atua na defesa tem at\u00e9 um tipo de equipamento diferente.<\/p>\n

A cada interven\u00e7\u00e3o, as m\u00e3os h\u00e1beis dos mec\u00e2nicos trocam as rodas t\u00e3o rapidamente quanto os pit stops dos carros de F\u00f3rmula 1. “\u00c0s vezes levo 20 segundos para reparar um pneu furado”, diz Marco Aur\u00e9lio Pereira, que tamb\u00e9m \u00e9 auxiliar da equipe. “Aprendi a mexer na roda, fazer solda, ajustar o eixo. Tem de fazer de tudo”, continua o profissional, que \u00e9 formado em Educa\u00e7\u00e3o F\u00edsica.<\/p>\n

H\u00e1 dez anos na fun\u00e7\u00e3o, Kei Miyama cuida dos equipamentos da sele\u00e7\u00e3o japonesa. Na vit\u00f3ria da equipe sobre a Fran\u00e7a, ele entrou em a\u00e7\u00e3o dez vezes. “N\u00e3o posso tirar o olho do jogo. Se acontece algo, tenho dois minutos para consertar”, afirma o mec\u00e2nico, lembrando que s\u00e3o as rodas os itens que mais d\u00e3o problema. “Tenho sempre que estar me aperfei\u00e7oando nisso.”<\/p>\n

Ele aponta Shinichi Shimakawa como o atleta que mais quebra pe\u00e7as de sua cadeira de rodas. O jogador reconhece que sofre muitas batidas durante os jogos e confessa que em algumas oportunidades j\u00e1 chegou a trocar mais de duas vezes o pneu. “Eu sofro o impacto, mas n\u00e3o machuca. Acho que esse \u00e9 o lado legal do esporte. \u00c9 muito divertido”, diz, rindo.<\/p>\n

Em duas rodadas da competi\u00e7\u00e3o paral\u00edmpica, Estados Unidos e Jap\u00e3o, pelo Grupo A, e Canad\u00e1 e Austr\u00e1lia, pelo B, possuem duas vit\u00f3rias cada e est\u00e3o invictos. O Brasil foi derrotado em seus dois duelos, contra o Canad\u00e1 na estreia por 62 a 48, e nesta quinta-feira contra a Austr\u00e1lia, por 72 a 45. O tipo de jogo faz com que um atleta r\u00e1pido e habilidoso na cadeira de rodas fa\u00e7a toda a diferen\u00e7a nos confrontos. Nesta sexta, \u00e0s 12h45, o Brasil encerra sua participa\u00e7\u00e3o na primeira fase contra a forte Gr\u00e3-Bretanha.<\/p>\n

Fonte: Jornal A\u00a0Tarde – Paulo Favero<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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