Com dois técnicos, Brasil testa melhor comando para o rugby rumo aos Jogos

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Rafael (sentado, de amarelo) e Luiz (em pé, de amarelo) são os técnicos da seleção brasileira (Foto: Helena Rebello)

Ao lado da quadra, Luís Gustavo Pena, de pé, orienta o quarteto titular. Sentado no banco, Rafael Botelho, anota estatísticas e observações sobre jogadas que deram certo ou errado. Passados três jogos no evento-teste de rugby em cadeira de rodas, esta dinâmica será invertida. Será Rafael a instruir os atletas, e Luís a escrever na prancheta. Juntos no comando da seleção brasileira, os dois também estão sendo testados durante a competição na Arena Carioca 1. Quem se sair melhor no diálogo com os atletas assumirá em definitivo o posto de técnico do país nas Paralimpíadas de 2016.

Ser a única modalidade a não conquistar medalha nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto provocou uma mudança na comissão técnica da seleção. Na ocasião, o país perdeu o status de terceira força das Américas para a Colômbia. Luís, treinador na ocasião, foi mantido no cargo, mas outros profissionais foram substituídos. Rafael, que havia tido uma boa passagem pela seleção em 2011, foi chamado de volta. E, desde então, os se alternam no comando.

– Queremos acertar o máximo, então a diretoria deu essa liberdade para a gente fazer esse rodízio e ver com o grupo de atletas quem tem o melhor discurso. Sobre tática, substituições, nós comandamos da mesma forma. Trabalhamos estatisticamente um em função do outro mas, para não errar e garantir que vamos ter o melhor trabalho para o Brasil, queremos garantir quem tem o melhor discurso para seleção. E não tem como fazer em um teste melhor do que esse. São três seleções dentre seis melhores do mundo – disse Rafael, referindo-se a Canadá, Grã-Bretanha e Austrália, equipes estrangeiras presentes no evento-teste.
Luís, responsável por passar as informações aos atletas nas três primeiras partidas na Arena Carioca 1, não se sente desprestigiado por ter passado a compartilhar o posto. Focado em melhores resultados do Brasil em um futuro não muito distante, ele vê a colaboração com olhos positivos e acredita que o grupo tem assimilado bem a nova filosofia.
– Acredito que a soma das experiências é importante. Nós temos vivências distintas e procuramos somar isso. Temos muitas conversas, debates e trocas de experiência. Tudo isso transforma nossas discussões em mais ricas e mais embasadas. Tentamos trazer as coisas da melhor forma possível para os atletas. Por enquanto eles entendem a posição de cada um, entendem o que a gente passou. O grupo está respondendo bem. Está sendo uma relação bem tranquila, eles estão entendendo – disse Luís.
A definição de qual dos dois profissionais será o treinador nas Paralimpíadas não necessariamente será tomada logo após o evento-teste. Haverá ainda períodos de treinamento e outros torneios em que o contato com os atletas será avaliado. Até lá, são Rafael e Luís que vão julgar o desempenho de seus comandados.

Em relação à lista de 12 convocados do Parapan, o grupo atual tem três novidades. No primeiro jogo do Brasil no evento-teste, a derrota por 61 a 42 para o Canadá deixou os treinadores satisfeitos. Apesar do revés, foi vista grande evolução em relação à última partida entre as seleções no Parapan de Toronto. – Este foi o primeiro torneio depois do Pan e o primeiro com este grupo. Tem alguns atletas que estão estreando na seleção, e estamos com planejamento novo focando as Paralímpiadas. Diminuir o placar com um grupo novo, diferente, me deixa totalmente satisfeito. Eu e o Luís tínhamos um jogo tático para esse jogo, e o que pecamos foi mais pela inexperiência. Nós jogamos menos que o Canadá. Eles treinam 200 dias por ano juntos, é outra estrutura – ponderou Rafael.

Fonte: Gabriela Pantaleão, estagiária, sob supervisão de Helena Rebello